Aos Críticos

" Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama:Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: — "Ah! sim, um lepidóptero...”"

"Aos Loucos e Raros"

Apresento minha grande contradição, o que posso mostrar de meu mundo, de meu ser, de meu são.



Sunday, January 29, 2017



E o flamboyant deitava no braço de rio como ela deitava em seus braços, roçando folhas e cabelos nas ondulações da pele, que vibrava como as águas arrepiadas pelos suspiros do vento.


Seus abraços eram assim : quentes como um mar tocado pelo sol poente


E seguiram acariciado-se em natureza, num amor suave feito garoa que encharca, livre e leve feito brisa que passa.




Saturday, August 27, 2016

Encontros em esquinas

O dia em que me perdi passando de ônibus em algum lugar na esquina entre a rua dos inválidos e a rua da relação, Rio de Janeiro – RJ.
Uma esquina um tanto poética eu pensei, procurei, mas nunca mais dei conta desse encontro.
Peguei-me perguntando sobre invalidez...  Esse termo, invalido, era dado para pessoas moribundas, incapazes de produzir, provável que havia na rua um hospital.
E a rua correu, correu num tempo, correu num tanto, até encontrar a relação.
E desse encontro, da relação com a invalidez, quando não há mais o que produzir, se não repetir erros, padrões, círculos viciosos é quando andamos como se tivessem moribundos acorrentados em nossos tornozelos, puxando um peso morto, incapaz de desatar as correntes antes que ele se acabe em pó... Sem renovação, sem evolução...  Deve-se olha-la definhar sem nada que se possa fazer? Como deixa-la partir, a relação, como enterra-la?
Passei pela esquina, mas de alguma forma minha mente sempre volta lá, se prostituindo a falsas ideias a fim de  evitar o tal encontro ... Chego à conclusão que tudo finda, e algum dia, pela vida ou pela morte, essas ruas, elas vão se cruzar.

Questiono-me apenas acerca do resultado da experimentação: Se soltar o peso moribundo antes que ele morra... será que tem esperança de vida?

Friday, February 12, 2016

Licantropia



“Sonhei que era loba, corria livre pelas montanhas” – Disse Ela.

Ele , como de costume ,  desacreditou de seus sonhos , fez-lhe proibições , quis convencê-la de que não era loba  mas sim, louca.
Acariciou-a como se acaricia um cachorrinho domesticado, na tentativa de convencê-la de seu amor.
Nessa noite Ela cedeu de si um tanto para Ele, tanto quanto pôde, e era muito.

Assim foi por dias, até que um dia, Ela não sonhou...

“Acho que sou loba, acordei com gosto de sangue em minha boca” – Disse Ela

Ele riu , desdenhou de seus desejos, fez-lhe exigências para continuar ao seu lado, como se lhe fizesse um grande favor, disse ainda para calar,  porque seu cantar já era para Ele ruído.
Acariciou-a de novo, aquele carinho, aquele de quem acaricia o cachorrinho fofo, a loba dentro dela eriçou os pelos, mostrou os dentes. Ele não viu.

 Ela não disse mais...

Acordou embebida em sangue, Ele jazia lá com os ossos amostra, com olhos sem vida, a carne já não tinha mais gosto, já não existia prazer.
Chovia lá fora , tirou o que restava da roupa, caminhou descalça até a chuva. Permitiu-se lavar qualquer resquício que ele deixara em seu corpo.
Essa noite Ela seria lua, nua ,correria livre pela sua selva afora, cantaria para o vento...

Monday, November 16, 2015

Um livro por favor


O qual não se queira perder uma linha, uma letra
um que me faça esquecer do tempo
e das vicissitudes da vida,
do coração partido, da alma rasgada.


Que me leve em uma vida sem tédio.
Por favor, que não seja de autoajuda,
religião, ciência, ou vida real,
e que não me fale de amor

Um livro que apaixone,
arranque suspiros,
com o qual o tempo nunca estará perdido
que seja um companheiro
e saiba ceder espaço para acompanhantes

Precisa-se de um livro
que seja matéria prima para os sonhos
para o espírito
para a arte

Uma inspiração para liberdade.
Procura-se um livro…
indicações?

Sunday, November 08, 2015

Meio Verdades

Em verdade, a única que sei,

é que talvez nunca saiba o que foi verdade,

foi apenas porque quis que fosse

não porque era.


Algo como se as paredes contassem uma história,

mas seus cantos e encontros tivessem outra história,

alguma que eu nunca saberei ao certo



De fato, nem sei o que é, o que sou…

somos paredes que contam outras histórias em seus cantos.


As vezes, espero que meu coração encontre morada em uma casa redonda, 

em que paredes, são só paredes.

Tuesday, June 09, 2015

gato preto


E foi assim, cai num feitiço
achando que era feiticeira.

Cai tão profundo que achei que
estava no céu, e era o inferno

Desfrutei dos pecados,
acreditei que eram dádivas.

Entreguei-me ao prazer
e acreditei que era felicidade.

Ceguei-me diante da loucura
e, em um momento de claridão,
me vi desperta e nua, feito criança
com a pureza corronpida

Feito pedaços do que um dia foi
ideologia e gente,
do que um dia foi alma crente em Deus
e no amor

Crente na humanidade do homem
e na verdade dos abraços,
Um dia fui crente,
Um dia fui gente

hoje sou as migalhas
do que restou de um feitiço
do acaso ,

Migalhas do caso.

Sunday, March 08, 2015

Colecionador de Borboletas


Não se pode ser como posse
serei se não como a brisa

Passageira acaricia as folhas,
que gemem em delicioso prazer

Serei se não de mim mesma
a verdade

Livre como as gotas de orvalho
que na noite beijam a relva
e se esvaem ao primeiro raio de sol

Sou em deleite um olhar
que por pirraça
foge ao confronto

Um sorriso que
responde ser apenas sorriso

Como a borboleta que voa por voar
e por vontade própria te admira em graça

Por natureza é livre e bela,
não porque o quis ser

O ser que não se pode,
querer ser,
querer ter,
possuir

Se não como um colecionador de borboletas,
mortas em paredes de fundos sem cor.





















Friday, December 12, 2014

O ninho da resistência

Meu cabelo é resistência.
Ressaca do oceano 

em mim.
Juba revolta ruge 

em mar de ondas.
Quebram-se contra pedras, preconceitos.
Rompem rochas que conduzem caminhos retos, insossos

Resiste

Cacheia como furacão 

em fúria
Se atreve em brisa
Enrola-se em ninhos
Leva-se livre

a resistência que sou

Monday, November 03, 2014

Rendas, Rosas e Perfumes

Tomou um demorado banho,
escolheu seu melhor perfume,
aquele que o agravada.

Escolheu a dedo sua lingerie,
rendas brancas e rosas
com transparências de um sexy sem vulgar.

Observou suas curvas no espelho,
pensou em como ele a veria.
Procurou um vestido comportado mas, provocante.

Vestiu meias 3/8 para fazer um surpresa
Armou os cabelos, pintou as unhas de vermelho.

Aguardou ansiosamente olhando a chuva,
as paredes, os quadros, os cantos, ate não ter mais para onde olhar.

Segurou o celular, ele vibrou,
ela sorriu e pegou a chave de casa,
Atendeu, uma desculpa...

Pensou , no desperdício de perfume,
de tempo, de lingerie.

Afogou-se na poltrona ,
admirou a chuva, admirou-se!

Abriu a garrafa de vinho que tinha separado para os dois,
encheu uma taça, e brindou sozinha:

- “ Não mais desperdício, do tudo o mais belo é para mim”







Tuesday, July 15, 2014

Como flores em vasos

Saudade do tempo em que rosas solitarias me faziam compania.
Alimentava- as em humildes copos com água
e elas me sorriam em sua simplicidade.

Então observava - as florescer cada petala delicada formando-lhe uma coroa.
Como uma mulher explode em vida
fazendo florir meus olhos de tanta beleza.

As petalas mudam de textura,
mudam de cor e a rosa se desfaz,
sem abrir mão de sua graça, beleza.

Compania que ensolarou o sorriso de meus dias,
os enchia de cores e lembraças das mãos q a entregaram ao meu cuidado.

Mãos, que como a rosa ,tanto fizeram ,
e que agora se desfazem,
deixando-me como a flor,
explodindo e florindo
em minha solitaria compania.