Aos Críticos

" Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama:Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: — "Ah! sim, um lepidóptero...”"

"Aos Loucos e Raros"

Apresento minha grande contradição, o que posso mostrar de meu mundo, de meu ser, de meu são.



Monday, November 29, 2010

Awen



O espírito penetrante da poesia
Contado pelos ventos, cantado pelo mar

Silencioso, chega sorrateiro como a noite,
trazendo a lua e seus feitiços
para que os poetas encantem seus poemas
com a graça do sagrado e o mistério dos segredos

Transformando o profano em poético
o supérfluo em essencial, o cotidiano
na mais bela e inexplicável arte, a vida.

Inspiram os seres como o ar penetra os pulmões, 
expandindo e explodindo num êxtase de preenchimento

Denomina-se espírito, alma
por alguém que assim quis nomear
nomeio então de inspiração
presente em cada ser encarnado,
respirante, capaz de amar

A união entre as palavras, as frases,
os versos de um universo, sinapses
que se criam e transformam
todas as poesias em uma só,
toda inspiração em uma só

Aquela trazida pelo ar
contada pelo vento
que percorre todos os corpos
penetra todas as almas,

O poder de inspirar consciente
nos trás à consciência,
E do ordinário respirar surge então a poesia.

Wednesday, November 17, 2010

O hiato


Nada pior para um

poeta do que um hiato,

um hiato em sua mente

Uma falha entre a mente

o coração e a alma


Então se falha também

a conexão entre as palavras

e coesão entre os versos

morre no papel a poesia


É como se soubesse

o que deve ser escrito e descrito

como se todas as palavras

as pontuações e as idéias

de um poema vagassem

por dentro de sua cabeça


Como um quebra cabeça

que você sabe que quando terminá-lo

será uma linda obra-prima,

mas por enquanto só tem as peças.


Como uma dislexia,

em que você tem suas idéias perfeitas

vagando pelo seu cérebro

mas não consegue expressa-la

através de sua boca


Expressa-se então pelo olhar

pelo sentimento, pelos sentidos.

O que não dá sentido

para entendimento do crítico


Separadas as palavras por Hiato

une-se tudo e criamos o abstrato

sem sentido nem razão na busca de coesão


Com um significado empírico

para o poeta, belo em seu imaginário,

mas nada que faça sentido para o leitor.


Esse nó que não desato é

ao meu verso é impertinente

Não é de certo meu poema

algo para enriquecer a mente


Pois não se trata

em seus tons e suas rimas

de algo que complete

já que esta incompleto.


Um pré texto

é um pretexto,


Para que aguardem então

pelo dia em que as partes

terão refeito sua conexão

E far-se-á a obra prima