Espanta-me tamanho palavrório
Ser tão contraditório
Como um jogo de gato e rato
Só tem sentido de imediato Nada defini-se
Apenas compreende-se o inexplicável,
Mas não pelas palavras,
Pelo simples fato de compreendermos
De sentirmos o seu significar.
Elas são ditas,
Mas nós damos laço às fitas
O sentido deve ser sentido, e nada mais.
E assim podemos entender
Nossa grandeza e nossa pequenez
Sabedoria e ignorância
Buscar com avidez
E compreender a tal tolerância
O dentro e o fora
Nem externo nem interno
O que era antes e agora
Ser metade e ser inteiro
As palavras não dizem
Apenas insinuam
Daí tanto desentendimento
Limitam-nos como cimento
Ora, se mudos e surdos se comunicam
Não são palavras que identificam
Toda palavra é contraditória,
É muito e é pouco
É tesouro e escoria
É o sentido dado a louco
O sentimento sincero e rouco
Sem falar e compreendido.
As palavras ganham vida,
Sentimento e sentido quando saem da nossa boca
Sentido que morre quando alguém ouve,
e renasce a sua nova forma.
É isso, nunca serão nada e serão tudo
na boca de quem fala e nos ouvidos de quem ouve,
mas serão sempre verdadeiras no coração de quem sente
e compreende aquilo que existe além da mente