
Deoris: De onde vêem as idéias?
La Folle: Ah eu não sei, se soubesse certamente iria até lá para buscar algumas.
Deoris: E porque algumas pessoas têm mais idéias do que outras?
La Folle: Não sei, Talvez porque estejam mais abertas para recebê-las
Deoris: E quem as manda?
La Folle: Mas que pergunta! Se soubesse quem as manda certamente lhe escreveria para que me mandasse umas melhores... O universo talvez!
Deoris: Ah... Será que as idéias nascem, crescem se reproduzem e morrem, ou será que elas sempre existiram e existirão?
La Folle: Eu parto da idéia de que são as duas coisas.
Deoris: Como assim?
La Folle: Bem elas existem no universo, mas elas podem nascer, crescer, se devolver, se reproduzir em nós.
Deoris: Como um parasita?
La Folle: Hahahaha... é pode ser como um parasita, mas isso vai depender a que tipo de idéias você vai deixar nascer e se desenvolver, ou as que você permitirá não nascer, ou não se desenvolver. Se formos considerar a biologia, acredito que também podemos comparar com o inquilinismo, a idéia pode se abrigar num hospedeiro temporário sem lhe exigir alimento, até que encontre alguém que poderá manifestá-la. Ou quem sabe protocoperação, você alimenta a idéia e ela te alimenta, mas você pode viver sem ela, e ela sem você. Mas acho que a maioria delas esta relacionada ao mutualismo, nós precisamos delas para continuar vivendo, e elas precisam de nos para continuar existindo, o que garante a continuidade da espécie.
Deoris: Nossa como as idéias são importantes né?
La Folle: Sem duvida... Sem duvida.
Deoris: Gostaria de saber e de ver, como elas nascem em nós, como é o tal Parto da idéia.
La Folle: E de onde nasceu essa idéia? Bom isso a gente pode imaginar, mas vai ser apenas uma idéia que nasceu e isso vai causar um ciclo sem fim. Não sei se é possível assistir ao parto da idéia.
Deoris: Talvez seja quando aquela lampadazinha aparece na cabeça da pessoa, e então ela olha para cima e coloca o dedo no queixo e fala: Ahhhh!
La Folle: Rs.... é pode ser. Mas acho que nem todos os partos são tão fáceis.
Deoris: Será que algumas idéias não vingam por causa dessa dificuldade de nascer?
La Folle: Acho que é possível, mas não é uma regra. Algumas idéias podem nascer fraquinhas, mas se você alimentá-las bem são capazes de crescer, enquanto outras podem nascer fortes, mas se não forem alimentadas elas morrem.
Deoris: Não seria crueldade deixar uma idéia morrer de fome???
La Folle: Depende, existem aquelas idéias que nem deveriam nascer. Mas se for uma boa idéia, então seria uma grande crueldade com você e com o mundo.
Deoris: Então o que faço se tiver uma grande idéia, tão grande que não seja capaz de alimentá-la??
La Folle: Acredito que neste caso você deve procurar alguém que possa alimentá-la, e não a esconder num baú e esperar que você tenha condições para tal, pois até lá ela pode estar morta de fome. Algumas pessoas acham que são donas das idéias, simplesmente por terem dado a luz a elas, mas diga-me Deoris que mãe é dona do filho? As idéias estão lá para serem pegas, todos nós temos acesso a elas, e elas não são de ninguém, se não de todos nós. Se denominar dono de uma idéia talvez seja um grande egocentrismo, o que só causa competições e desavenças.
Deoris: então uma idéia pode ser a arma, mas também pode ser a salvação.
La Folle: Isso mesmo, e isso vai depender de como as tratamos, de como as passamos e também de quem a recebe.
Deoris: Interessante, vou ficar mais atenta ao parto das ideias que chegam em mim...
Parto da idéia que ela tem vida.
E muitas vezes vontade própria.
Quase como uma alma, como um pensamento
Penso que elas ficam a boiar no firmamento
E são pescadas com varas de sonhos
Quanto melhor a sua isca, maior vai ser a sua idéia
Mas às vezes a pequenininha faz uma grande diferença
O tamanho não importa, desde que não seja torta.
Se não gostar muito da sua, não a jogue fora,
Devolva-a para o seu oceano no firmamento
E quem sabe alguém irá fisgá-la com contento.