
Imagine só ser uma nuvem
mãe da chuva
Guarda-la no ventre e deixa-la partir
Quando assim desejar.
O parto das águas, que belo!
Derramar a chuva e molhar a terra.
Imagine só ser uma nuvem

Em quanto se desfaz em partículas
E iluminada pelo sol tornar-se arco-íres
Com tanta leveza e sutileza
Permite que a luz do sol
Transpasse por ela, iluminado cada atomo
Ai, imagine ser uma nuvem
Numa noite estrelada
Ser preenchida pela suave luz da lua
E fazer parte do brilho de sua aureola angelical
Pois então imagine
Numa tempestade deixar-se levada pelo vento
Para os mais distantes e distintos lugares
na fúria da Terra lançar raios e bufar trovões
chuviscar na maré revolta e enroscar-se em suas ondas
Fazer-se neblina para embelezar o alvorecer
Anunciando o calor que da terra irá crescer
Carinhar a terra,
Orvalhar as belas flores e folhas
Em quanto todos estão dormindo
Sonhando e viajando, passando bem pertinho
Transmutar-se e transformar-se para os olhos dos atentos
Pela vontade de Deus
Ah sim! e olhar os passarinhos
Costurando o ar, o céu e as nuvens
Como tudo sendo uma coisa só
E então quando cansar de ser nuvem
Se desfazer no ar... quem sabe então, ser alguma outra coisa
Imaginou?